quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

"ENTRE MARÍLIA E A PÁTRIA, COLOQUEI MEU CORAÇÃO, A PÁTRIA ROUBOU-M’O TODO; MARÍLIA QUE CHORE EM VÃO.”

No dia 13 de janeiro a 197º anos atrás, ocorreu a execução do nosso Irmão Frei Caneca, cujo o nome completo era Frei Joaquim do Amor Divino Caneca um dos primeiros mártires de nossa história. 

Frei Caneca foi um herói e mártir Pernambucano, pois em um espaço de tempo de oito anos participou ativamente da Revolução Pernambucana e a da Confederação do Equador, revoltas separatistas que surgiram no período de 6 de março de 1817 e 13 de janeiro de 1825.

Arcabuzamento do Frei Caneca 

Derrotado nas duas tentativas acima, foi preso,  e uma comissão militar sob a presidência do coronel Francisco de Lima e Silva (pai do futuro Duque de Caxias) realizou o seu julgamento sob a acusação do crime de sedição e rebelião contra as imperiais ordens de sua Majestade Imperial.

Pintura de Antonio Parreiras com o título Estudo para Frei Caneca

Foi condenado por ser um dos líderes destas rebeliões, o então jornalista que fundou o Typhis Pernambucano, o "escritor de papéis incendiários" recebeu a pena de enforcamento e apesar das inúmeras tentativas clemências todas foram em vão, mas pelo menos os seus três carrascos se recusaram de enforca-lo e a pena foi convertida para um arcabuzamento, fuzilamento da época.

Imagem do site do Arquivo Nacional

Podemos dizer que além de um grande  maçom,  jornalista, professor de matemática e orador de retórica notável, era por assim dizer um grande intelectual no inicio do século XIX, um liberal, antimonarquista, defensor das causas republicanas e grande combatente do jugo Português.


Para encerrar nada melhor que lermos o seu poema mais famoso...


Entre Marília e a pátria*


Entre Marília e a pátria
Coloquei meu coração:
A pátria roubou-me todo;
Marília que chore em vão.
 
Quem passa a vida que eu passo,
Não deve a morte temer;
Com a morte não se assusta
Quem está sempre a morrer.
 
A medonha catadura
Da morte fria e cruel,
Do rosto só muda a cor
Da pátria ao filho infiel.
 
Tem fim a vida daquele
Que a pátria não soube amar;
A vida do patriota
Não pode o tempo acabar.


O servil acaba inglório
Da existência a curta idade:
Mas não morre o liberal,
Vive toda a Eternidade!


*In Obras políticas e literárias de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, 1876. II tomo, p. 11-12.


Imagens de Google, Arquivo Nacional e Pinterest.

 Texto de Eduardo Lecey.

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