CONSIDERAÇÕES
SOBRE A INDEPENDÊNCIA:
A concentração das idéias que resultou em um processo de
Independência do Brasil foi resultante de três causas principais. Vejamos, pois,
historicamente:
1. O Iluminismo, o qual pregava a liberdade ao combate a opressão
das dinastias monárquicas, as quais associadas ao poder político e a então dominante
Igreja Católica, subjugavam todas as categorias, leia-se produtoras e
contribuintes.
2. O fracassado sistema de pacto colonial português, o qual não se
formatava em via de mão dupla, mas unicamente em forma de uma escorchante
situação na qual a colônia padecia aos ditames do reino, o que fazia com que
todas as benesses fossem remetidas à coroa, tais como a maioria das parcelas da
produção, bem como a aplicação de impostos aviltantes e a precariedade das
condições de vida, em seu cotidiano, ainda mais se levada em comparação com
aqueles que gravitavam ao redor dos abastados.
3. Não menos importante, cumpre destacar a independência dos
Estados Unidos da América, pois esse processo, também veio a comprovar, ao
longo dos tempos, que por mais poder, equipamentos bélicos em profusão e fartas
condições financeiras, por parte dos dominantes, as colônias poderiam, dentro
de sua diminuta capacidade operacional, alterar esse estado das coisas e sempre
restaria a chance de uma nova vida, com a construção de um novo regramento
social.
Porém, de minha parte, acredito que a grande responsável pela
tomada das idéias de abolição em relação ao reino está naquilo que ocorre desde
os tempos iniciais da história mundial e que percorre todo o globo terrestre.
Se analisarmos, detidamente, todas as grandes alterações no “modus
vivendi” dos grupos sociais verificamos que os precursores das idéias foram
aqueles que através de deslocamento geográfico, constataram “in loco” outras
formas de comportamento e interação social, na relação governantes e governados
e, ao retornar difundiam essas metodologias para aqueles mais próximos, criando
uma multiplicação de anseios.
Retomando, há que se atentar que o Iluminismo que pregou a
liberdade de combater a opressão monárquica, se mostra como a antítese do
sistema monárquico absolutista, o qual, por si só, nega a igualdade entre as
pessoas, notadamente naquele período histórico, onde vigoravam apenas e tão somente
a autoridade através de um título concedido ou, ainda, e mais especialmente,
pelo nascimento.
Como mostras dessa cultura, constata-se que na chegada da corte, ao
Rio de Janeiro, os principais prédios foram confiscados, como o Palácio da Quinta
da Boa Vista, o qual se tornou residência real e pode-se destacar, também, a farta
distribuição de títulos de nobreza, tais como Marquês, Visconde, Duque e Barão.
Constatamos hoje, ainda arraigadas em nosso imenso território,
práticas como o coronelismo, o clientelismo, e outras, corruptas, não apenas
dos políticos, mas de grande parte da sociedade brasileira que se julga
superior por fazer parte de uma elite intelectual, financeira ou étnica.
É bem provável que esse período de colonização seja o desencadeador
desses comportamentos.
Para finalizar, como dito anteriormente constata-se que o povo
uniu-se em apoio a uma causa, de forma cordial, em detrimento aos colonizadores
mais abastados, o que se mostra como algo positivo, mas não podendo chegar ao
ponto de se aceitar o carimbo maléfico contra nossos antigos colonizadores.
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